segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

As prensas e as pedras litográficas

No atelier de gravura de Paulo Menten, num bairro da periferia de Londrina, próximo ao aeroporto, há quatro prensas de gravura (duas delas bem grandes e pesadas, contando centenas de quilos), uma guilhotina para papel e cerca de setenta pedras litográficas. Numa outra oportunidade falaremos mais longamente aqui sobre a litografia propriamente dita – agora basta dizer que esta é uma técnica de reprodução de imagens a partir de matrizes líticas = de pedra, que, desde séculos antes do clichê ou do fotolito, permite que sejam impressas imagens de grande qualidade, com traços e texturas delicados e precisos como se fossem de lápis ou bico de pena. Por conta da relativa facilidade de emprego da técnica e da qualidade das imagens obtidas a partir dela, desde os primórdios da indústria gráfica no ocidente, a litografia foi largamente empregada: dos célebres cartazes de Toulouse Lautrec para o Moulin Rouge e dosm espetáculos de Sarah Bernhardt até capas de revistas como O Cruzeiro, ilustrações de panfletos e publicações anarquistas, estampas de santos, peças de publicidade gráfica, quase todas as imagens impressas da bela época, etc.
Em algum momento, na primeira metade do século passado, alguém percebeu que aquelas pedreiras enormes, de onde eram tiradas tantas pedras, estavam se acabando. A indústria gráfica agora dispunha da fotomecânica e do off-set para reproduzir imagens: técnicas mais rápidas e baratas – e a utilização comercial da litografia decresceu rapidamente.
Hoje praticamente não se encontra quem faça litografia. As pedras foram consideradas extintas na natureza e as que restaram estão fazendo parte de patrimônios ou acervos, públicos ou particulares.
Além das pedras, há uma prensa litográfica Krause, que talvez tenha um século ou mais de idade (procuramos alguma data na máquina, mas não a encontramos). Esse equipamento, de acordo com a Yara Strobel e o Cláudio Garcia, artistas plásticos e cultores da arte da gravura, não só é uma excelente prensa – mas uma das melhores que se conhecem. Essa máquina está chumbada no piso do atelier, que foi construído em torno dela. Dito assim pode soar um pouco estranho, e merece ser melhor contado, mas é mais ou menos isso aí.
Esses equipamentos, as prensas de gravura, a guilhotina e as pedras não fazem parte do que está categorizado como acervo – são patrimônio do Sr. Paulo Menten, seu legítimo proprietário, que não está mais trabalhando – mas também não se pode dizer que esteja gozando de uma aposentadoria totalmente tranquila. Alguma coisa vai ter que ser feita em relação a isso. O ideal seria que permanecessem em Londrina (se não fosse por outro motivo seria, pelo menos, porque quase não existem mais oficinas litográficas atualmente, e já há uma aqui – fora de uso, mas completamente equipada). De todo modo, para permanecer na cidade ou para ser levado embora, o encaminhamento desse material não é assunto dos mais simples. São equipamentos raros, valiosos, volumosos e pesados, só para citar quatro das principais características e que são também dos principais problemas relacionados a essas pedras e máquinas.

É muita coisa para se relatar, falar e discutir sobre gravura, sobre o Universo Menteniano e os aspectos relacionados a este esforço de organização que está sendo realizado. Vamos assim, aos poucos, um passo de cada vez, cercando nosso tema e dialogando com os leitores/interlocutores que forem se apresentando. Isto são apenas os primeiros passos.
Visão frontal e duas tomadas gerais da prensa litográfica Krause.
Detalhes das engrenagens da prensa.

3 comentários:

  1. Bom dia a todos,
    Sou neto de um maquinista (impressor) de lithografia trabalhou na Cia lithografia Ypiranga onde tinha várias lithograficas meu avô trabalhou vários anos até chegar em 1926 as primeiras impressoras offset marca MAN, hoje faz 7 anos que a CLY fechou toda minha família trabalhou na recepção da CLY tinha uma lithografica de pedra não sei do seu paradeiro.
    Grato
    Paulino

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  2. posso dialogar contigo Paulino???
    Me interesso muito por Lithografiq

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  3. Meu nime é Marcelo e tenho prensa e pedras

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