segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

algumas litografias









As imagens desta postagem são litografias de Paulo Menten executadas em Cornélio Procópio no ano de 1980. As últimas que Paulo fez. Participaram de uma exposição promovida pela Prefeitura Municipal de Santo André – Secretaria da Educação, Cultura e Esportes, na Sala de Exposições do Centro Cívico daquela cidade – Abriu na noite de 15/08/1980 e permaneceu aberta de 16 a 24/08/1980.

As prensas e as pedras litográficas

No atelier de gravura de Paulo Menten, num bairro da periferia de Londrina, próximo ao aeroporto, há quatro prensas de gravura (duas delas bem grandes e pesadas, contando centenas de quilos), uma guilhotina para papel e cerca de setenta pedras litográficas. Numa outra oportunidade falaremos mais longamente aqui sobre a litografia propriamente dita – agora basta dizer que esta é uma técnica de reprodução de imagens a partir de matrizes líticas = de pedra, que, desde séculos antes do clichê ou do fotolito, permite que sejam impressas imagens de grande qualidade, com traços e texturas delicados e precisos como se fossem de lápis ou bico de pena. Por conta da relativa facilidade de emprego da técnica e da qualidade das imagens obtidas a partir dela, desde os primórdios da indústria gráfica no ocidente, a litografia foi largamente empregada: dos célebres cartazes de Toulouse Lautrec para o Moulin Rouge e dosm espetáculos de Sarah Bernhardt até capas de revistas como O Cruzeiro, ilustrações de panfletos e publicações anarquistas, estampas de santos, peças de publicidade gráfica, quase todas as imagens impressas da bela época, etc.
Em algum momento, na primeira metade do século passado, alguém percebeu que aquelas pedreiras enormes, de onde eram tiradas tantas pedras, estavam se acabando. A indústria gráfica agora dispunha da fotomecânica e do off-set para reproduzir imagens: técnicas mais rápidas e baratas – e a utilização comercial da litografia decresceu rapidamente.
Hoje praticamente não se encontra quem faça litografia. As pedras foram consideradas extintas na natureza e as que restaram estão fazendo parte de patrimônios ou acervos, públicos ou particulares.
Além das pedras, há uma prensa litográfica Krause, que talvez tenha um século ou mais de idade (procuramos alguma data na máquina, mas não a encontramos). Esse equipamento, de acordo com a Yara Strobel e o Cláudio Garcia, artistas plásticos e cultores da arte da gravura, não só é uma excelente prensa – mas uma das melhores que se conhecem. Essa máquina está chumbada no piso do atelier, que foi construído em torno dela. Dito assim pode soar um pouco estranho, e merece ser melhor contado, mas é mais ou menos isso aí.
Esses equipamentos, as prensas de gravura, a guilhotina e as pedras não fazem parte do que está categorizado como acervo – são patrimônio do Sr. Paulo Menten, seu legítimo proprietário, que não está mais trabalhando – mas também não se pode dizer que esteja gozando de uma aposentadoria totalmente tranquila. Alguma coisa vai ter que ser feita em relação a isso. O ideal seria que permanecessem em Londrina (se não fosse por outro motivo seria, pelo menos, porque quase não existem mais oficinas litográficas atualmente, e já há uma aqui – fora de uso, mas completamente equipada). De todo modo, para permanecer na cidade ou para ser levado embora, o encaminhamento desse material não é assunto dos mais simples. São equipamentos raros, valiosos, volumosos e pesados, só para citar quatro das principais características e que são também dos principais problemas relacionados a essas pedras e máquinas.

É muita coisa para se relatar, falar e discutir sobre gravura, sobre o Universo Menteniano e os aspectos relacionados a este esforço de organização que está sendo realizado. Vamos assim, aos poucos, um passo de cada vez, cercando nosso tema e dialogando com os leitores/interlocutores que forem se apresentando. Isto são apenas os primeiros passos.
Visão frontal e duas tomadas gerais da prensa litográfica Krause.
Detalhes das engrenagens da prensa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

hoje é só um pequeno comentário

Está valendo o retorno, caros leitores, amigos, colaboradores... Só para que conste, os desenhos publicados no último post fazem parte de uma série de guaches em pequenos formatos, executados nos anos 80 e que foram agrupados na categoria "anjos".
Este blog não vai ter uma periodicidade muito certa em princípio... É que temos uma espécie de "conselho editorial" - que, por sinal, também é quem está tocando o projeto, e outros redatores/editores além de quem já está desde o começo devem começar a publicar aqui na continuação. Por hoje vai ser só este post ligeirinho, mas já estamos preparando um material bem bacana para as próximas... Venham aqui de vez em quando, divulguem, opinem, passem a bola para frente. Estamos aqui para isso mesmo.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Anjos



vamos lá, mensageiros, levem e tragam suas mensagens nas asas do vento...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Agora, que já se passaram meses e tanta coisa aconteceu...

Este blog foi colocado no ar em agosto, quando os trabalhos do projeto estavam ainda engatando e tomando forma. O que existia então eram pilhas de documentos e imagens agrupados grosso modo por categorias e uma tarefa de agora pegar coisa por coisa, limpar, restaurar se fosse preciso, registrar numa ordem e acondicionar devidamente. No caso das imagens, ainda digitalizar tudo numa boa resolução e fazer uma descrição narrativa de cada uma ou de cada série, ou técnica, ou categoria, ou...
Era muita coisa para se fazer. Isto num espaço físico deteriorado, com uma equipe reduzida, scanners e computadores que passavam mais tempo dando problemas que funcionado, pouquíssimo dinheiro e muita burocracia. Problemas comezinhos, dificuldades e contratempos do dia a dia que, junto da correria de final de ano, deixaram muito pouco tempo e energia para se fazer um blog.
A primeira intenção desta ferramenta aqui foi falar do Paulo Menten: o artista e o homem, a vida e a obra, mas, por onde começar, entre as enormes pilhas de documentos, trabalhos, referências, influências, histórias, imagens? Como falar de um artista?... Melhor começar falando do projeto mesmo, deste trabalho que estamos aqui desenvolvendo há meses, do seu significado e sua importância para a memória da cultura em Londrina, o que foi e o que tem sido feito, os diversos fatores que o envolvem, os problemas e a busca de soluções. Enviar o link para todo mundo que possa se interessar e ter algo a dizer sobre o assunto e abrir a discussão.
O acervo de Paulo Menten cobre trinta anos de Londrina e ainda Cornélio Procópio e São Paulo, desde a década de 1950 e ainda antes. Tem alguns equipamentos pesados, prensas de gravura que não são mais fabricadas há décadas, e dezenas de pedras litográficas, já extintas na natureza. Isto além de (ainda numa estimativa não muito exata), talvez sete mil imagens – entre gravuras, pinturas, desenhos, obras de outros – e manuscritos, cartas, textos autorais publicados, livros, revistas de arte, catálogos... Falaremos mais miudamente dessas coisas nas próximas postagens, um pouco de cada vez.
O que importa aqui é dizer que parece que está muito difícil manter estas obras, documentos e equipamentos na cidade. Um arquivo digital do acervo é óbvio que sim, essa é a parte fácil. Mas estamos aqui falando de uma coisa física, que vai de uma oficina de gravura completa, pedras litográficas e muito papel pintado, desenhado, escrito ou impresso. Uma espécie de tesouro cultural. Será que Londrina vai deixar que isso vá embora daqui sem mais? Podemos fazer alguma coisa a respeito? Não sei, mas acho que devemos tentar. A ideia aqui é convidar todo mundo para comentar, colaborar, fazer alguma coisa ou, pelo menos, torcer a favor, ao mesmo tempo em que aprecia recortes da obra original e personalíssima de Paulo Menten mostrada, contada e narrada pelo próprio autor. Que a Arte fale por si mesma.